O que aconteceu?
A novidade que tem gerado comentários acalorados foi o lançamento dos chinelos Ama, produzidos pela marca de luxo The Row. Com tiras acolchoadas e design simples, eles chegam às passarelas europeias e custam cerca de 600 € . A crítica surgiu quando comparações com modelos similares vendidos por 30 € na Adidas ou 3,49 € na Temu viralizaram, deixando claro que o preço da grife gera indignação.
Por que chamam isso de “isca da raiva”?
O termo vem diretamente da noção de "rage bait", conhecida também como “isca da raiva”: conteúdos projetados para gerar indignação e conversa nas redes sociais. Intencional ou não, os chinelos da The Row se encaixam nessa proposta ao provocar reações polarizadas — e essencialmente virais A jornalista Laura Reilly, do boletim Magasin, chamou esses calçados de “a mais recente isca de raiva da The Row”
O que isso diz sobre marketing e moda de luxo?
A estratégia de lançar versões exageradas de itens cotidianos — no caso, um chinelo de espuma — com preços absurdamente altos, é uma forma de gerar buzz, mesmo que negativo. Na moda de luxo, esse tipo de tática entra em choque com os valores tradicionais: exclusividade, autenticidade e conexão emocional consistente com o consumidor. No entanto, se bem executado, pode posicionar a marca como provocadora e irresistivelmente comentada.
The Row: luxo minimalista ou provocador?
Fundada pelas irmãs Olsen em 2006, a The Row é sinônimo de luxo discreto, com cortes impecáveis, tecidos refinados e estética minimalista que prioriza atemporalidade sobre tendências passageiras . Recentemente, a marca foi avaliada em cerca de US$ 1 bilhão, com novos investidores como Chanel e L’Oréal reforçando seu status premium.
No entanto, lançamentos como os chinelos Ama e a sandália Dune (com sola vermelha e preço de 670 €) indicam uma possível virada da marca: do luxo silencioso para o alvo de discussões e memes — o que ainda é coerente com o culto à exclusividade, mas na versão borderline-flagrante
Reações dos consumidores e das redes
Nas redes sociais, muitas pessoas expressaram revolta ao ver que um produto tão simples — frequentemente reproduzido por grandes marcas a um preço acessível — chega ao mercado de luxo por um valor quase inacreditável. A comparação — sandália da Temu por menos de 4 €, Adidas por cerca de 30 € — com a versão de 600 € virou ad hominem na internet. Essa disparidade alimenta o “rage bait” e reforça debates sobre ética, mérito estético e valor percebido.
E afinal, vale pagar isso?
Depende. Para quem busca status aspiracional, curadoria de alta costura e faz parte do culto do exclusivo, pagar 600 € por um chinelo pode fazer sentido — é parte da experiência de luxo. Mas para a maioria que privilegia custo-benefício, ou mesmo design autêntico, o preço parece um exagero sem justificativa. A polêmica, portanto, funcionou: levou o nome da The Row a conversas globais.
Lançar algo que desafiou os limites na percepção do preço e da estética transformou os chinelos da The Row em uma poderosa ferramenta de marketing — ainda que às custas da irritação coletiva. Se foi intencional ou não, é difícil dizer. Mas o efeito é claro: a marca virou pauta de crítica e fascínio simultâneos. Deixando no ar: será que esse tipo de “luxo provocador” vai se sustentar ou se desgastará com o tempo?
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